UNIVALE participa do 1º Encontro do Quilombo Águas Claras

O Quilombo Águas Claras, no município de Virgolândia, realizou seu 1º Encontro de Povos e Comunidades Tradicionais no dia 15. Reunindo quilombos de municípios da região, como Peçanha e Coroaci - a maior parte deles reconhecidos pela Fundação Cultural Palmares, órgão federal de promoção da afro-brasilidade -, o encontro teve apresentações culturais e uma roda de conversa sobre história e legado dos grupos presentes, e esse momento teve a participação de docentes da UNIVALE que realizam pesquisas no mestrado em Gestão Integrada do Território (GIT).

A professora Sueli Siqueira destaca que o encontro foi importante para cada quilombo mostrar sua cultura, história e origem, e assim cada grupo enfrenta preconceitos. "A gente falou sobre o processo de colonização e a invisibilização desses grupos, que por muitos anos ficaram escondidos até, e conseguiram sobreviver. É uma resistência impressionante, esse movimento dos quilombos é de um povo de muita resistência e resiliência. Eles mostram suas danças, a cultura, fazendo uma festa lindíssima e de grande riqueza cultural. Algumas pessoas ligam a ideia de quilombo à pobreza, e lá é um lugar de fartura de alimentos, com casas bem organizadas e com crianças na escola. Eles mantêm a tradição em danças, alimentação, brincadeiras e religiosidade, mas também se inserem no cotidiano das cidades, inclusive com alunos em ensino superior", pontuou Sueli.

A docente Sandra Nicoli avalia que a participação no Encontro do Quilombo Águas Claras foi de grande relevância para sua trajetória como professora e pesquisadora, devido à grande carga de significados e sentimentos envolvidos no evento.

"O encontro foi organizado de forma coletiva, no intuito de expor para os povos e comunidades tradicionais, e demais convidados, a riqueza das tradições e o sentimento de pertença e identidade dos povos tradicionais. Foi uma oportunidade também de juntar diferentes comunidades quilombolas em um espaço carregado de significados e de memórias. A permanência dos povos e comunidades tradicionais nos territórios geográficos, simbólicos e culturais é essencial para garantir a conservação e preservação do ambiente e das comunidades, que são as guardiãs dos territórios, das tradições e de seus saberes", disse Sandra.

O pesquisador Leandro Eustáquio Gomes salienta ainda que o evento no Quilombo Águas Claras proporcionou uma imersão na cultura quilombola local, afirmando a identidade e fortalecimento das lutas de comunidades e povos tradicionais, e ainda ampliando a conscientização para fomentar ações de combate às desigualdades existentes.

"Essa celebração possui um valor inestimável, pois reafirma a importância da diversidade cultural e do pertencimento comunitário. No entanto, para além do aspecto festivo, o evento assumiu um papel sociopolítico essencial, sendo um espaço de empoderamento e enfrentamento ao racismo estrutural. A ocupação de espaços públicos, como a concentração e o desfile realizados no centro da cidade de Virgolândia, representa uma forma de visibilidade e afirmação quilombola. Essas ações coletivas, ainda mais quando conduzidas em parceria com outros quilombos, demonstram a força e a unidade na luta por reconhecimento e direitos", declarou.